sábado, 16 de outubro de 2010

Aos Atravessados - Ao Fogo das Paixões Revolucionárias


Aos Atravessados


Às insinuações estranhas do desejo!
Ao nosso destino sublime e libertador de cada dia!
Aos homens e mulheres que nos inflam de sonhos e de loucura!
Às paixões da humanidade, e às fomes do corpo!
Dou-lhes o brinde sagrado de todos os vinhos!

Aqui,
Todos os homens tornam-se deuses,
Em encenação cínica e cênica da vida,
Em irradiação sublime de paixões!
Tecendo, na batalha da vivência, máscaras e vertigens,
Fomes e libertações,
Utopias em devaneios, mais que dispersões do corpo e da mente!
Tornamo-nos vadios e vaporosos,
Figuras riscadas num teatro mais que obsceno.

Às emanações do álcool,
Às salsugens a dançarem por nossos corpos libertos!

E então, sob este efeito radiante,
Observo-me em sutis mutações,
Como quem pelo corpo fala com o Falo:
A poesia entorna-se por meus pés
Os olhos se enchem de lágrimas e de flores,
De ardor e de agonia.

Paralisado e entorpecido,
Desfaço-me em água e fundo-me ao ar
Em gotas ou em brasas,
Caio no mundo como uma chuva que acontece
A irradiar outros nomes por tantas mudas
Muitas praias de transas curtas

Caio, já caído, sem rumo e sem corpo,
Sobre as pedras do litoral
E entendo, por fim, as palavras que criaram
Homens e deuses na forma de barro:

‘Todos os homens tornam-se deuses na comunhão sublime das paixões’

Às insinuações marginais do desejo!
Ao destino novo de cada dia!
Aos sujeitos que nos inflam os sonhos de loucura!
Às paixões da humanidade, às fomes do corpo!

Dou-vos o brinde profano de todas as poesias!

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