CLANDESTINIDADE EM TRANSES
RUM-BACO DEL FUEGO
Clã, destino, transas
Rio largo e largo a mão
na cara que nos insulta
A corja, a tribo suja a corda
Eu rôo as lâminas,
navalha-fúria que encena
a tal honra ofendida
Logo aqui,
No mar salgado Cuba
onde abri as pernas, as mãos eróticas
Aos afetos obscenos da escrita
o desejo mesclado
irado chico marijuanado
A proximidade dos espelhos,
As manchas sujas de Havanna
A máquina por escrever suores
causa-me tonturas, vertigens piores
uma trepada jogada à la sacana
Farta-me o ócio das virtudes ensolaradas
Escorrer pela praia os restos da noite rumbada, heia!
Alba nua, solo tuya
Transo as gralhas e abro-te a boca
em golpes mil da dita cuja
Miraflor ditadura
El cuerpo, el deseo
Sem ar aqui para nosotros del fuego,
Sem espaços para libertações na terra militante
Areia e mais areia de proibições por San Juan,
Lamas ideológicas a acorrentar gigantes
Sob o julgo da Revolução, um basta hiante!
A linguagem-máscara
mascara revolucionários
em insanos totalitários
Afogam-se aos montes em duchas frias
Os corpos riscados pelo silêncio que fatia
Tribo contra-revolucionária,
Ópios reacionários em devir do ego
corpo-fuligem, corpo-música
corpo-rumba orientado
Rum-Baco del Fuego
Traga-me um novo cigarro
Rum negrita, mira-me gajo
Interrompo a pélvis que se insinua na cintura
Esqueço as roucas vozes das rameiras em fissura
Por hora, em ramas de eucalipto o agarro
suspensas ou em lamas delgadas
agrestes urdiduras
Cuba
Caio Di Palma
"Se instauram em Cuba centros de detenção que funcionam como reais campos de concentração (Miraflor, El Morro e Ilha da Juventude) para dissidentes políticos, homossexuais, doentes mentais e qualquer um que 'vista calças mais justa'".
(Reinaldo Arenas - Antes do Anoitecer)