Longe 'ao longe',
Diz-me Textos, varão Calado,
Rasgados na urgente noite
A sozinhar como queiram os astros
A sozinhar como queiram os astros
A difícil canção do exílio
Alardeado, largado,
Inicia o rito báquico a seduzir touros pelo caminho
Erra o tíaso por tendas e desertos
Na mão crispada ab-sinto enluaradas noites
Dos cavaleiros errantes, lidera a matilha selvagem,
Fazendo nascer encantos e filhos na pele ardente
A ladrarem juntos o canto suado
Das bacantes masculinas
Enganado, solta o ar no fim do dia,
Empunha o ardente texto paixão
Perde a vida ou quase nada,
Rasga brâmanes na fúria dos cantos
Rasga brâmanes na fúria dos cantos
Encanto duro ou flor de cactos
Longe 'ao longe',
Diz-me o homem que amo,
Difícil canção do exílio
Foi-se quem acostumei-me a ser,
Nunca vacilante em ereções
De farras aposento tantas tramas,
Chamas sacanas no oeste foram o norte
Julgo amar, julgo não amar,
Desejo falar não sobre o amor,
Sobre tudo, muitos devaneios!
Saberei desinstrumentalizar-me?
Arco com o discurso alheio
Mas quanto ao nome próprio,
Alheio-me no tempo e
Caio distante do sujeito EU
Marginal da ordem, perde o tino
No passo incerto do Zagreu Dioniso
Revelado na luz sob o sol
Só sei o que não digo
Preso às lexicografias do deserto
Sou engano ou paixão?
Fraco ou divino?
Perdi a conquista?
Lá se vai a noite cangaceira,
Dizem os lobos, loucos à flor da pele!
Dos finos bagos de romã aos acalentos
Miro urgente necessidade de ser,
À beira da janela, um beija-flor
Chovo fácil, enlameio ou minhoco a terra
Onde faço amor no chão com a língua
Uma necessidade vertigem flor do dia.
Uma necessidade vertigem flor do dia.
Quanto tempo falta para dizer sim?
Quanto tempo para se reconciliar?
Longe 'ao longe',
Diz-me ele, pedra de alquimia,
Difícil canção do exílio
(Caio Di Palma)
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