Libertam-se do temor e das gentes suas
Errando pelas colinas em busca de Dioniso,
Comem carne crua e trepam na relva nua
Em torpor ou vislumbre profético,
Escutamos a descontrolada manifestação do sublime.
Elas desinstrumentalizam-se, ex-sujeitos
Não sujeitas ao acaso obrigatório das identidades
Isoladas na mania dionisíaca,
Tratam de apagar os rastros serenos de Apolo,
O deus sol, a clave diurna e racional dos paradigmas
Ousam, no decorrer das luas,
Ondular os colapsos nervosos do bárbaro Dioniso,
Deus estranho, libertador de paixões e de fúrias
O limítrofe hermafrodita embriagado,
Imagem arquetípica da vida indestrutível,
Carrega em suas máscaras as vestes
E o tambor cintilante do ditirambo,
A convocar à vida o vinho, o teatro,
A metamorfose e a loucura.
Eis que o texto colide suas linhas, sinuosas,
Com o fulgor raro de existências puras!
Dedico as plêiades dessas letras minúsculas
Aos seguidores do bardo coxeado Dioniso,
Aos coroados por seus adornos iniciáticos:
Na testa, o impulso de todos,
Os festivais em ramos de Eras!
No rosto, a metamorfose das máscaras,
A dissimulação e loucura como transcurso,
Um brinde às vivências totais!
Na boca, o fogo da flauta e dos vinhos,
A busca do ardente texto em arritmia marginal
Ao corpo em elipses revolucionárias de libertação!
Aos atores e aos palhaços deslocados,
Aos vadios boêmios e aos músicos errantes,
Aos poetas marginais e aos revolucionários militantes,
Infinitos em possibilidades de epifanias indestrutíveis,
Dou-vos parte de mim e toda minha paixão!
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